Xô, estresse!

Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari

*Veja indicação de outros textos para leitura ou vídeos no final da página

As tensões de dentro e de fora da empresa podem prejudicar sua saúde. 

Entretanto, é possível contorná-las cuidando melhor da mente e do corpo 

Se reclamar com uma pessoa próxima que seus cabelos estão caindo, ela provavelmente culpará o estresse pelo problema. E, infelizmente, terá grandes chances de acertar, mesmo que não tenha noção exata do significado dessa palavra. A propósito, você sabe ao certo o que ela quer dizer? 

De acordo com o cardiologista Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, o estresse é um estado de sofrimento do corpo causado por uma agressão física ou emocional, como, por exemplo, um acidente ou a perda de um cliente importante, respectivamente. "Cada um encara os traumas de uma forma. A intensidade com que cada um age será maior ou menor de acordo tanto com a formação do indivíduo, na infância e na adolescência, quanto com o seu talento profissional", esclarece Lopes. 

Portanto, tire da cabeça que estar estressado e preocupado são a mesma coisa: o primeiro estado ocorre quando não se consegue lidar bem com o segundo. Há casos – cada vez mais comuns, apontam psicólogos – nos quais a pessoa abre a guarda para eventos negativos, criados por ela própria ao se cobrar por algo que saiu ou pode dar errado. Márcia Rezende, psicóloga e diretora do Instituto Saber – entidade voltada para o desenvolvimento comportamental – explica que, para ficar imune a um problema físico ou emocional, é necessário analisar cuidadosamente o objetivo da interação com o próximo e ter frieza para gerenciar seus impulsos. "Se seu sócio não deu retorno para aquele cliente importante, em vez de se render à primeira vontade e brigar com ele, pense no estrago que isso traria para o relacionamento, e direcione esse desejo de fazer algo para uma conversa bem fundamentada, por exemplo. Ao ir embora, a raiva automaticamente levará a chance de o estresse aparecer", garante Márcia. A especialista afirma que a boa análise antes da ação sempre apontará pelo menos três saídas para não ficar com os nervos à flor da pele. "No entanto, driblar conflitos é algo que se aprende aos poucos e, na maioria dos casos, com o amparo de um psicólogo", avisa a diretora do Instituto Saber. 

Fique de Olho 

O auxílio de quem estuda o comportamento humano é indispensável quando o estresse – em situações extremas e com determinadas pessoas – não provoca danos no físico, mas distúrbios como a síndrome do pânico e a depressão. "Esses problemas aparecem quando o indivíduo, tenso, não raciocina direito, o que gera mais tensões que, como em uma bola-de-neve, tiram dele ainda mais a capacidade para pensar. É o chamado estresse psíquico. Ele causa 'chiliques' e chega a fazer a pessoa ter a sensação de que está enfartando", diz a psicóloga Olga Tessari. Dona do site www.ajudaemocional.com, ela dá gratuitamente orientações sobre o assunto por meio de chat e e-mail. Contudo, elas surtirão efeito apenas se as doenças ainda estiverem se desenvolvendo – o que, indica Olga, pode ser percebido quando a pessoa, ansiosamente, tem o hábito de tamborilar os dedos ou mexer os pés compulsivamente, por exemplo. 

Origens e conseqüências 

No caso de Cassiano Siqueira, proprietário da Difazzano, atacado e varejo de utensílios para cozinha, localizado em Guarulhos, na Grande São Paulo, procurar um psicoterapeuta ajudou bastante a lidar com o estresse. O agente que motivou o processo foi um calote de cliente tomado no ano passado. A situação financeira de sua empresa não ficou bem – a dívida tirou 60% de sua receita e o empresário passou a ter alterações emocionais e físicas. "Cheguei a chorar ao telefone com o gerente do banco, que tentava me acalmar, e passei a ter preocupações sem fundamento com minhas filhas, que já são adultas. Também fui diagnosticado com um tumor benigno no rosto, e até os amigos começaram a me pressionar para eu enfrentar a cirurgia recomendada", lembra-se o empresário. Hoje, após sete meses de tratamento, Siqueira reconhece que tem recuperado o prazer pela vida e pelo trabalho. "Semana a semana, vejo que estou melhorando. Tenho voltado a interpretar de maneira mais racional a realidade, e com mais entusiasmo, tanto que comecei a fazer cursos no SEBRAE e voltei a me divertir", relata. 

Cuidados com a rotina 

Na avaliação de Silvania Lamas, proprietária do Instituto Brasileiro de Engenharia, Arquitetura e Proteção Ambiental (Ibea), seus sintomas de esquecer onde põe as coisas e o ganho de peso têm origem na rotina descuidada com relação ao físico e ao lazer. Ela se queixa de nunca encontrar uma brecha para assistir a um filme ou fazer caminhadas. Seu dia-a-dia consiste em manter-se antenada no trabalho das 8h às 2h e ficar à disposição dos compromissos e necessidades de três filhos. Ainda inclui uma péssima alimentação – o almoço pode ocorrer a qualquer horário e, geralmente, é pizza ou salgado. Para piorar, o jantar só sai depois que os filhos chegam da faculdade ou de cursos. "Ainda neste ano vou começar a deixar as duas primeiras horas do dia para ir ao clube ou fazer caminhada, atividades que me trarão mais saúde e facilitarão o convívio social", promete para si mesma a empresária, otimista quanto a evitar o que ocorreu com alguns amigos, os quais chegaram a parar no hospital por se descuidarem de si próprios. Fátima Guimarães, especialista em gerenciamento do estresse do Núcleo de Estudos Sobre o Stress (NESS), órgão ligado ao Instituto de Organização Racional do Trabalho de São Paulo (IDORT/SP), diz que, de fato, é possível evitá-lo. E afirma que iniciativas como as planejadas por Silvania são fundamentais para combater o nervosismo cotidiano. "É fundamental priorizar atividades em detrimento de outras. Em cidades grandes, se você opta por dormir 10 minutos a mais pela manhã, tem de estar ciente de que certamente terá de acelerar seu ritmo indo para o trabalho e, dessa forma, provocar atritos com quem cruzar seu caminho", exemplifica. 

Em síntese: 

•O estresse é um estado de sofrimento do corpo causado por uma agressão física ou emocional. 

•Estar estressado e preocupado não são a mesma coisa: o primeiro estado ocorre quando não se consegue lidar bem com o segundo. 

•É cada vez mais comum, apontam psicólogos, as pessoas abrirem a guarda para eventos negativos, criados por elas próprias, ao se cobrarem por algo que saiu ou pode dar errado. 

•Analise cuidadosamente o objetivo da interação com o próximo e tenha frieza para gerenciar seus impulsos. Ao afastar a raiva, automaticamente você evitará a chance de o estresse aparecer. 

•Driblar conflitos é algo que se aprende aos poucos e, muitas vezes, é necessário contar com um psicólogo. 

•O estresse psíquico aparece quando o indivíduo, tenso, não raciocina direito, o que gera mais tensões que tiram dele ainda mais a capacidade para pensar.Ele causa "chiliques" e chega a fazer a pessoa ter a sensação de que está enfartando. 

Alternativas holísticas 

Erick Schulz, professor de ioga do Instituto Naradeva, centro de referência da cultura indiana no País, aponta que "pessoas que comem e dormem irregularmente, ou andam ansiosamente para lá e para cá, por exemplo, demonstram uma tendência para o estresse". Ele credita o problema à soma de desgastes físicos e agressões emocionais. "É só pegar os motoboys como exemplo. Eles não comem nem dormem direito para fazer um maior número de viagens e chegam a ter espasmos pelo corpo. Isso é estresse", diz Schulz, que também é especialista em ayurveda – medicina indiana apontada como uma das mais antigas do mundo. Na concepção da ioga, o tratamento deve ser holístico – considera o todo (mente e corpo) e não apenas as partes individualmente. Para isso, os exercícios propostos associam posições do corpo a serem alcançadas ao mesmo tempo que se controla a respiração, fortalecendo o corpo e regulando a oxigenação do cérebro. A idéia é levar o praticante a meditar. "A meditação ajuda o corpo, a mente e o auto-conhecimento", diz Schulz. 

Condutas simples e valiosas 

O engenheiro de segurança do trabalho Osny Orselli, da Mundo Ergonomia, especializada em projetar e fabricar produtos e acessórios voltados para o bem-estar postural, diz que, para se ter cabeça, tronco e membros relaxados, é fundamental ficar atento à postura. Seja no escritório, sentado na poltrona de TV ou na mesa de jantar, a pessoa precisa zelar pelo posicionamento do corpo. "Quando se sentar, mantenha a região lombar apoiada no encosto e os pés no chão ou apoio, e, caso tenha de ficar muito tempo de pé, em uma posição só, use a cinta lombar", aconselha Orselli. Ele ainda dá a dica para quando há necessidade de ficar em pé, por muitas horas, e talvez até com as costas arcadas. "Nessa situação, o melhor é apoiar e esticar as pernas em um banquinho, o que evitará o cansaço e a irritação, que podem vir a reboque. Já ao computador, mantenha o monitor na direção de seu rosto e coloque almofadinhas próximo do teclado e do mouse para não tencionar os punhos. Outro hábito saudável é esticar e hidratar o corpo", complementa. 

Corte o mal pela raiz 

O foco do tratamento do estresse deve ser suas causas, e não efeitos. Veja, as dicas para evitá-lo: 

•Separe a vida corporativa da pessoal sem se esquecer que o bem-estar em meio à família é o combustível para o trabalho do corpo e da mente na esfera profissional. 

•Procure alimentar-se seis vezes ao dia com pratos balanceados, principalmente quando ainda tem expediente pela frente, pois é certo: feijoada e prospecção de clientes não combinam. Para ganhar disposição e resistência, tente dormir em média oito horas por noite, e faça uma atividade física, mesmo que sejam passeios com o cachorro. Cigarro, bebidas alcoólicas e outras drogas, obviamente, não são boa idéia. 

•Sempre que puder, quebre a rotina fazendo algo prazeroso e sem caráter de compromisso, como passear de bicicleta. Até mudar o caminho de volta para casa vale. 

•Na empresa, prepare os funcionários para que as tarefas não fiquem todas sobre suas costas. Se não conseguir ficar imune ao estresse, tenha cuidado para não contaminar sócio e empregados, pois a tensão pode aumentar e você ficar ainda pior. 

•Lembre-se: as facilidades da tecnologia da informação como e-mail, celular e notebooks foram criadas para facilitar sua vida. Se uma mensagem está demorando para sair da caixa, dedique-se a outro afazer e impeça que o atraso estrague sua manhã ou tarde. 

Colaboraram: Sociedade Brasileira de Clínica Médica, www.sbcm.org.br, (11) 5572.4285; Instituto Naradeva, www.naradeva.com.br, (11) 3862-7321; Núcleo de Estudos Sobre o Stress, www.idort.com, (11) 6847 4400; Olga Tessari, www.ajudaemocional.com, (11) 2605-6790; Instituto Saber, www.institutosaber.com.br, (11) 3284-4446; Mundo Ergonomia, www.mundoergonomia.com.br, (12) 3941-7242; Instituto Brasileiro de Engenharia, Arquitetura e Proteção Ambiental, www.ibea.org.br, (11) 3262-2128; Difazzano, difazzano@uol.com.br, (11) 6468-1243. 

Matéria publicada na Revista Meu Próprio Negócio por Thiago Moreira

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